Fazer isso com a sua equipe é um crime
Autor: Edson Ferreira | Data 07/02/2020 22:00:38
Estudos internacionais com dados e 63 países entre 2000 e 2011 apontam uma importante relação entre suicídio e desemprego.
O desemprego de uma pessoa tem um impacto muito maior que apenas financeiro. É também social e emocional, muitas vezes promovendo a perda de apoio social e de auto estima.
O impacto do momento do comunicado pode gerar um impacto emocional que muitos desconsideram no processo. Um líder pode acreditar que demitir alguém é apenas registrar os dados na carteira e nos papeis necessários. Eu tenho dito em diversas vezes que o líder tem uma importância muito maior que apenas lidar com cargos, vendas, tarefas e afins. Liderar é lidar com vidas e poucas pessoas sabem da importância social de um emprego ou da falta dele. Eu não estou aqui dizendo que as demissões não devem existir e que isso não deve ser considerado pelo chefe/líder/empregador. Não é isso. Estou dizendo e quero mostrar nesse artigo que há mais de uma forma de fazer isso e que entre elas há pelo menos uma que vai funcionar sem causar tanto estrago.
Exatamente por essa situação extrapolar a questão financeira o peso é maior em pessoas entre 45 e 50 anos porque muitas vezes esse momento pode ser encarado como um projeto de vida sendo destruído. A auto estima é afetada, a auto confiança pode ser destruída e um mundo pode ser reduzido a uma desesperança, a incapacidade de acreditar que seja possível continuar um projeto de vida em outro lugar.
O que poucos líderes entendem é que quando alguém com muito tempo na mesma empresa é demitido subitamente, o que está acontecendo é a perda de uma vida. Muitas pessoas condicionam sua vida ao seu trabalho e até assumem como sobrenome o nome da empresa. Essa mudança repentina pode causar um impacto emocional profundo que pode chegar a situações desastrosas como mostram diversos estudos. Crises de ansiedade, depressão e infelizmente vemos muitos casos de suicídio vinculado.
Como um verdadeiro líder pode e deve lidar com essa situação? Afinal de contas uma empresa não pode se dar o luxo de não substituir pessoas com baixa performance. Empresas e líderes que quiserem fazer isso provavelmente não perdurarão muito.
Dê as pessoas o direito de evoluírem, de serem melhor do que são e de se tornarem o tipo de trabalhador que nenhuma empresa quer dispensar. O líder tem a obrigação de dar ao seu liderado o direito de escolha se ele quer ficar, e isso significa se desenvolver na direção que a empresa espera, ou se prefere sair, e isso muitas vezes significa não fazer nada, não aceitar essa oportunidade, não se tornar o profissional que a empresa quer manter e promover. Nesse caso o líder faz o que precisa fazer e com certeza diminuir sua taxa de demissão, não pelo simples fato de demitir menos, mas pelo fato de ter pessoas ao seu lado que realmente entregam mais resultados e se desenvolvem ao longo do seu trabalho. Líder, se você quer ter impacto positivo na vida das pessoas que estão sob sua posição hierárquica tudo começa com feedback. Dê feedback para sua equipe e permita que todo possam se organizar para se tornarem pessoas e profissionais melhores a cada dia e mesmo quando tiver que desligar alguém da sua equipe não será nenhuma surpresa, pois o próprio profissional já está percebendo que sua evolução não está acontecendo. Facilita a vida de quem vai comunicar e facilita a vida de quem recebe a notícia.
Não dar feedback para as pessoas que trabalham com você não é um crime literal, é um crime ético e moral. Feedback é sobre vida e oportunidades.